Publicado por: rizuto | junho 30, 2009

Estagiários?

Nós aqui em Dubai fazemos parte de um grupo que possui outras 9 Ogilvys no Oriente Médio. Todo ano eles colocam em prática um programa de estágio de verão, onde estudantes desses 9 paises fazem um intercâmbio de 3 meses entre as agências. 

 

Semana retrasada chegaram os nossos 3, todos vindo do Líbano, filhinhos de papai com grande influência com o Godfather, Ceszar, imperador, Fuhrer ou CEO como preferirem chamar aí no Ocidente. Aí já se vê a malandragem, quem quer ir pra Ogilvy da Arabia Saudita, ou Qatar? Dubai é muito mais divertido. 

 

Posso dizer que tudo que eu pensava sobre o que é ser um estagiário mudou. Como dizia um Media que trabalhava comigo quando era um pobre diabo, naquele tempo por volta das 11 da noite: “é Rizuto, não basta ser estagiário, tem que se foder”. 

 

Eles não chegam menos de 10h da manhã, devidamente entregues por um motorista fardado dirigindo uma Hammer 2 amarela. Todos eles com seus Macbook Pros de última geração em suas bolsas Gucci. É muita mordomia. 

 

Enfim, recebemos uma orientação (ordem) de tratá-los bem e tentar passar alguns trabalhos, supervisionando com paciência. “porque todo mundo já passou por isso, e sabe como é”. Eles não sabem da missa um terço. 

 

Tentei ser legal e chamei um deles pra me ajudar num projeto menor, lembro que eram 18h20, antes que eu começasse a passar o briefing ele foi logo falando: Hoje não dá, já são quase 6h30, hora de largar. Não mandei ele pra PQP porquê temi pela seguranca da minha familia no Brasil. 

 

Mais uma pérola foi no dia do Portfólio Night, a agência aqui quem organizou, eu tentando ser um cara legal me aproximei de um deles perguntando se estavam ansiosos pra conhecer os diretores de criação. Resposta: Não vou não, quem inventou de fazer isso numa sexta de noite!? Eu tenho vida! 

 

Outra coisa que me deixou meio intrigado foi o fato deu ir no banheiro e ver um deles saindo com cara de satisfeito depois de ter feito um 2, estagiário que é estagiário só se sente confortável de fazer isso lá pra depois do terceiro mês! 

 

Brincadeiras a parte, com essa experiência eu tive a certeza do porquê quase 100% da criação das agências por aqui são formadas por estrangeiros. Não basta ser estagiário, tem que se foder. 

Publicado por: rizuto | fevereiro 5, 2009

Mannequin

Esse post eu vou dedicar a uma campanha que fiz aqui no final do ano passado, mais precisamente no mês de outubro, dedicado mundialmente a luta contra o cancer de mama.
Como criar uma campanha que tenha uma grande repercussão e que chame a atenção dessa tão conservadora sociedade árabe? Junto com a Bare Essentials, uma famosa loja de lingerie e moda praia aqui de Dubai, conseguimos alcançar esse objetivo.
Colocamos dentro da loja uma manequim com um seio só, com uma placa dizendo “Cancer de mama é mais comum do que você pensa”. Colocamos também tags em cada peça da loja e adesivos nos espelhos dos provadores explicando através de infográficos como se auto examinar. Criamos também um website com todas as informações sobre o assunto como endereços de clinicas e hospitais especializados em todos os Emirados Arabes.
Essa campanha repercutiu de uma forma gigantesca, diversos blogs, jornais e revistas publicaram artigos a respeito, inclusive uma revista francesa que viu na internet e nos contactou pra fazer uma longa reportagem. Isso gerou pra o cliente uma midia espontânea de mais de um milhão e meio de impressões e mais de 60 mil dólares de midia free. Nunca, na estória de mais de 15 anos da loja ela foi tão falada.
Semana passada saiu o resultado do Mena Cristal, o mais importante prêmio da região, que envolve todo o Oriente Médio e o Norte da África. Entramos com essa campanha em 3 categorias e ganhamos nas três o Cristal, sendo uma delas, a categoria Outdoor, ganhamos o Grand Cristal, o equivalente ao Grand Prix em outros festivais.
Quando criamos essa campanha, não tivemos suporte nenhum da agência, produzimos a manequim, os tags e os adesivos de graça com um dos nossos fornecedores. Fizemos o website e paguei o domínio com o dinheiro do meu bolso. Tentamos vender pra 3 clientes antes e todos eles negaram dizendo ser muito ousado pra região. Espero que com essa campanha a gente ganhe mais nos prêmios que estão por vir, foi o resultado de muito suor e amor, e melhor ainda, por uma boa causa. Isso prova como uma boa idéia vai longe. Nunca desista.

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Publicado por: rizuto | fevereiro 5, 2009

Grande Piuí

Ano passado caiu um job meio estranho pra mim, ter que filmar as cenas de demonstração de um produto, um creme rejuvenescedor duma marca bem famosa. Tudo bem, mas até pra um simples job como esse passamos meses em reuniões de pré-produção e um monte de burocracia.
Pra começar o perrengue, tinhamos que usar a mesma modelo do filme original, o problema foi que fizeram esse filme há 3 anos na India e quando vimos a tal modelo descobrimos o quanto 3 anos fazem diferença na vida de uma pessoa. Quando o cara do online (pós produção no computador)  que estava no set a viu fez aquela cara de “tô fodido” que todo mundo percebeu, inclusive a coitada.
Tudo deu certo, tudo lindo, tivemos “probleminha” com a maquiagem, mas o diretor  deixou todos bem tranquilos dizendo que resolvia no computador. Todos menos o carinha do online que tava a ponto de voar no pescoço dele.
Filme pronto e editado, o produtor veio apresentar na sala de reunião aqui pra todo mundo, todo o time de atendimento, desde a account director até o final da fila onde se puxa mais o saco que é onde ficam os juniors account executives.
Foi um desastre! A coisa toda tava muito ruim, aquela balbúrdia se instalou, todo mundo se lamuriando como se fosse o apocalipse, confesso que senti um pouco de regorgizo, uma espécie de vingança por todos os maus tratos passado na mão deles. Esse job era muito importante pra eles porque chegou uma nova marketing manager no cliente e esse seria o primeiro job que ela ia aprovar, a tal da Piuí. Tudo que eles queriam era impressionar a Piuí.
No final da reunião meu diretor de criação olhou pra mim e disse: fodeu, você vai ter que ir lá amanhã de manhã e só sair de lá na hora de apresentar ao cliente as 3 da tarde com tudo perfeito. Me senti na pele do carinha do online agora.
No outro dia cheguei na produtora, tudo era surreal desde o dono até o nome, Deja Vu. Vou começar pelo dono: um indiano de um metro e meio de estatura, falando um inglês com um sotaque muito forte e ainda por cima com a lingua presa. Tudo o que ele falava merecia um briefing porque eu não entendia porra nenhuma da primeira vez. A produtora agora: Parecia um bordel, ou um puteiro de luxo como chamamos em Recife. Tudo preto e vermelho bordeaux, veludo pra todo lado, um  globo espelhado na entrada e no centro um enorme lustre de cristal vermelho.
A reunião com a tão temida Piuí estava chegando e as coisas ainda não estavam do jeito que eu queria. O produtor sempre me tranqulizando e o coitado do cara do online estava sofrendo forte, sendo esculachado em hindi (dava pra entender o significado só pelos gestos).
2h50, foi o limite, tinhamos que sair. Fomos no Aston Martin do cara, me senti no filme do James Bond e eu ainda instigando o cara a correr dizendo que pra adiar essa reunião, só com um atestado médico.
3 em ponto chegamos. O atendimento como de costume chegou atrasado e com aquela cara de “estamos fodidos”. Entramos na sala de reunião, tudo preparado pra chegada da temida Piuí. Escutamos o toc toc do salto dela pelo corredor, estava imaginando uma dominatrix, mas pra minha surpresa entra na sala uma filipininha pouco maior do que a cadeira em que ela ia sentar, com um sorriso largo e cheia de tranquilidade. Tudo deu certo, ela adorou. Grande Piuí.

Publicado por: rizuto | outubro 23, 2008

Posição esquisita

Acabou de acontecer um causo muito interessante, pra não dizer bizarro aqui na agência e que já ouso considerar uma pérola nos anais dessa nossa profissão que por falta de adjetivos vou chamar de esquisita. 

Nós aqui no Oriente Médio temos que lidar com coisas absurdas o tempo todo que se Deus (ou Alá como preferirem) quiser, vou continuar contando aqui para vocês com a frequência que meu tempo deixar. É bem melhor dividir a dor.

Um dos nossos clientes aqui é a rede de comunicação MBC, é a maior do mundo Árabe (errou quem pensou que era a Al Jazeera) e, por incrível que pareça, passa filmes americanos, Lost, e até mesmo aquela maldita série OC (por mais vergonhoso que isso seja). Nunca vi um terrorista dando entrevista, sério. Enfim, estava eu aqui na minha mesa quando vi um atendimento cheio de dedo vir falar com a dupla responsável por essa conta: 

– (Atendimento) Pessoal, vamos ter que alterar o layout daquela peça que vocês fizeram. 

– (Redator) Qual? Aquela do Homem Aranha 3?! 

– (Atendimento) Aquela sim, o cliente acha a posição do Homem Aranha meio inapropriada. 

– (Diretor de Arte) Como assim??? Não está mostrando pele nem nada, é a mesma foto que usaram pra divulgar o filme mundialmente! 

– (Atendimento) Eu sei, mas ele não gostou daquela foto específica, uma em que ele está em cima do telhado agachado… tenho até vergonha de dizer… o cliente disse que parece que ele está fazendo…cocô. 

– (Redator) Não posso acreditar nisso! Só pode ser piada!! 

– (Diretor de Arte) God dam it!! fucking wankers!  

– (Atendimento) Sorry guys… 

– (Eu) Uahauahauahauha!!!!!

 

Publicado por: rizuto | agosto 23, 2008

Pra você

Publicado por: rizuto | julho 20, 2008

Essa foi por pouco

Essa presepada que vou contar aconteceu há uns 2 meses. Como foi definido antes, um dos meus clientes fixos ná agência é a Motorola, qualquer coisa que se faz pra esse cliente tem que passar por nós, desde um simples panfleto até uma campanha de lançamento de um celular. Até ai tudo bem mas esse job que vocês vão ler no transcorrer da estória foi um dos mais bizarros que eu já trabalhei na vida: 0

Criar uma campanha de lançamento de um celular com MP3 mais barato da categoria pra a população de baixa renda na África do Sul.

Como assim? Porque a gente aqui em Dubai vai fazer uma campanha pra uma coisa tão regional? sem querer ser chato, porque a Ogilvy de lá não está envolvida nisso?

A diretora de contas com aquele ar de “lá vem ele denovo” disse: Porque somos o escritório regional da conta, Londres está contando com a gente. Foi ai que pensei, grande merda, bem capaz deles acharem que Dubai é na e África.

Vou pular a fase das quarenta e poucas reuniões de debriefing, o doloroso proceso de criação e o penoso processo de aprovação que envolve uma campanha em que você é um alien envolvido e partir pra produção. 

  O processo de produção foi um caso a parte, pelo roteiro que criamos a campanha tinha que ser produzida na África do Sul e com sul-africanos, isso era lógico. Não na cabeça do produtor da agência:

  – Vamos filmar no Cairo.

  – Você só pode ta brincando Sam.

  – Claro que não, é mais barato vai por mim, eu conheço um pessoal lá que vai deixar o set igual a Cape Town inclusive com casting que você juraria que são sul-africanos…

Claro e ainda bem que o diretor de criação não aceitou isso, no final das contas fomos eu o diretor de criação alemão, minha dupla inglesa, a diretora da conta indiana e o produtor libanês pra produzir uma campanha pra sul-africanos. O circo estava formado.

Depois de 10 desconfortáveis horas de vôo com o seu diretor de criação do lado onde você tem que soar cool e inteligente o tempo todo, desembarquei destruido. Era o último na fila do guichê e tava rezando e torcendo calado pra não pegar uma gordona mau humorada que tava criando problema com todo mundo. Veio ela mesmo, e como toda vez por causa do meu passaporte verdinho, veio cheia de perguntas.

  – Ta vindo de onde?

  – Dubai 

  – Veio fazer o quê?

  – Vim filmar um comercial

  – Quando foi a última vez que você foi no Brasil?

  – Em dezembro do ano passado.

  – Cadê as vacinas?

  – ??

  – Pode entrar não viu meu lindo. Próximo!

  – Peraí, por favor (já sem nehuma dignidade e tentando jogar algum charme pra ela), vamos conversar, olhá lá, ta todo mundo me esperando prometo que dá próxima vez eu trago todas as vacinas que você quiser. 

Depois de muitos argumentos e jeitinho brasileiro…

  – Tá certo seu safado, pode ir, mas se da próxima vez você não tiver essas vacinas eu mesma lhe mato!

  – Thank you.

O clima em Cape Town naqueles dias estava meio tenso, tudo por causa de umas rebeliões que estavam acontecendo, uma briga antiga entre os refugiados de Zimbabue, Moçambique, Nigéria e os locais. O bicho tava pegando forte por lá. Por ser uma campanha pra população de baixa renda, decidimos filmar nas Townships que é a mesma coisa sem tirar nem pôr das favelas do Brasil, era esse o público que a gente tinha que atingir. Na manhã seguinte fomos logo pra produtora pra ficar sabendo que duas das três locações que iamos visitar estavam em chamas por conta dessa briga. Foi aí que começou o perrengue.

O diretor era sul-africano, todo descolado e confidente, bem aquele tipo de diretor “cabeça” que gosta de filmar pobreza e o lado “cru” da nossa realidade injusta querendo mostrar tranquilidade enquanto todo mundo estava meio com o pé atrás. 

Decidimos checar a única locação que não tinha sido incendiada e procurar outras. Fomos lá pra onde a onça bebe água, a maior township, a rocinha de Cape Town, fui com o diretor e como toda favela tivemos que perdir autorização ao “governo paralelo” de lá.

O cara era uma figuraça o típico malandro brasileiro, de óculos escuros, jaqueta de camurça roxa, e uma calça verde musgo, cheio de colares, pulseiras e “seguranças” me senti um pouco em casa nessa hora.  Parecia que o diretor já conhecia ele de outras atividades porque se mostraram bem amigos, mas isso não vem ao caso agora. 

Ele nos garantiu que era tranquilo e que podiamos filmar e transitar por lá numa boa apesar de todas as evidências serem contrárias como gritos, pessoas correndo e barulhos esquizitos.

Fomos rodar o local na nossa van e um carro do figuraça lá nos escoltando, o clima estava muito tenso, muitas pessoas nas ruas, gente correndo, familias deixando o local com alguns pertences, pessoas olhando pra gente com cara de ódio. Alguma coisa ia acontecer a qualquer momento. Meu termômetro era a cara do diretor, enquanto ele estivesse calmo eu também estava. Foi nessa hora que a coisa começou a ficar preta, um bando de pessoas chegaram mais perto do carro e tentaram bloquear a passagem, alguns davam murros no carro, outras cuspiam, fazim careta, nessa hora me lembrei de um amigo dizendo que lá não tem essa de roubar e sequestrar, eles fazem tudo isso e matam. O matar pra eles é um plus, a cereja no bolo.

Nessa hora o carro que estava escoltando a gente encostou do lado e gritou pra o motorista em africano mas eu entendi como se fosse o mais claro português, um William Bonner anunciando uma tragédia. Olhei pra cara do diretor que estava pálido agora e disse pra mim mesmo: F-o-d-e-u. 

Fiquei imaginando como minha mãe ia receber a notícia, e juro que cheguei a desejar uma morte rápida, sem dor pelo menos. Mas graças a Deus e a destreza do motorista conseguimos escapar com tudo. 

No dia seguinte conseguimos achar uma locação mais tranquila e o resto das filmagens foram até bem interessantes. Tive que produzir as fotos pra campanha impressa no mesmo dia das filmagens com um fotógrafo inglês hippie que só andava com uma bata fedorenta e morava numa van mais fedorenta ainda. 

O filme ficou até legal, com a cara que a gente queria. Fiquei sabendo que tá o maior sucesso por lá, a música do filme virou um hit porque pegamos um cantor que está pra estourar por lá, negociamos com o produtor dele que é outra figura e foi nada mais nada menos do que o produtor do Nirvana. 

No fim deu tudo certo, todo mundo feliz, contente, e principalmente, vivo.

 

 

Publicado por: rizuto | maio 18, 2008

Fotos do Ouro

Dia da competição.

 

A gente ão sabia de nada ainda, só analizando o dos outros.

 

Só alegria…

 

Todo orgulhoso.

 

Hã??

Publicado por: rizuto | maio 16, 2008

Dissecando o Ouro

Depois da euforia, vou explicar melhor as coisas. O post vai ser longo, vou logo avisando.

Pra quem não sabe, o Cannes Lions Young Competition é uma disputa que acontece todos os anos no Cannes Lions, o mais prestigiado festival da propaganda mundial. Jovens criativos com até 28 anos de todo mundo representam seus paises nessa competição.

Antes disso acontecem as eliminatórias nos respectivos países, uma espécie de peneira onde milhares tentam mas infelizmente muitos poucos conseguem chegar lá.

Felizmente consegui, não foi pelo meu país, mas estou indo representar junto com a minha dupla toda a nação árabe, todo o Oriente Médio, o que me deixa muito orgulhoso também.

No comecinho do mês o nosso Diretor de Criação veio na nossa sala dizendo que escolheu a gente pra representar a agência, tinhamos menos de uma semana pra nos preparar, o que não adiantou muito porque tudo era imprevisível, não sabiamos de nada. O briefing ia ser dado na hora e nem o cliente nós não sabiamos quem iria ser.

 

Quarta feira dia 7

Chegamos no localEramos nós contra 19 duplas das agências mais importantes daqui. Recebemos o briefing 9h30 da manhã e tinhamos até 19h pra entregar duas peças impressas e montadas. Sem internet, e sem celular. Só os nossos cérebros, 38 pessoas te olhando com mau agouro e um banco de imagens do gettyimages.

Terminamos tudo 6h47. O resultado só viria uma semana depois.

Acho que foi uma das semanas mais longas de toda minha vida, todo mundo perguntando como foi mas eu realmente não sabia o que responder, porque não sabiamos das outras duplas e muito menos dos jurados.

 

Quarta-feira dia 14. Cerimônia de entrega.

Chegamos pontualmente 19h, só eu e a Tuline, ninguém da nossa agência. Vimos todos os trabalhos expostos e um lugar abarrotado de gente, as duplas, os atendimentos, diretores de criação, clientes, organizadores, jornalistas… a maioria fazendo pose de criativos cabeça e descolados, tatuagens, moicanos, gravatas coloridas e todos os clichês da publicidade, me senti pequeno nessa hora.

20h30 chamaram pra anunciar os vencedores. Curiosamente os organizadores se posicionaram justamente do lado das nossas peças, pensei comigo mesmo, a luz lá deve ser melhor mas ao mesmo tempo tinha uma coisa me dizendo que era mais que isso, um friozinho na barriga.

Depois de meia hora babando o ovo dos patrocinadores começaram pelo bronze:

 

“Terceira vez que essa dupla participa, finalmente conseguiram alguma coisa!”

Bronze pra dupla da Mccann. Palmas, gritos e assobios quase orgásmicos.

 

– Fodeu Tuline, já não tem mais bronze pra gente

 

“Outra dupla veterana! quinta vez!! pega o passaporte desses ai que eu quero verificar se tem 28 anos mesmo!” 

Prata pra dupla da DDB. Gritos escandalosos, palmas intermináveis e muitos palavrões.

 

– Nem prata Tuline… Só resta o ouro. Essa hora ela já estava tremendo feito uma vara de bambu verde e eu quase tendo um troço de nervoso.

 

“Opa! o ouro vai pra uma dupla novata! nunca participaram. Antes de anunciar os nomes, gostaria de dizer que foi uma votação quase unânime, não me lembro de uma peça que recebeu tantos votos em relação as outras… Uma idéia diferente que chamou a atenção dos jurados pela inteligência, criatividade e pelo senso de oportunidade…”

 

Essa hora tava esperando o enfarto já.

 

“CONGRATULATIONS TO RAFAEL RIZUTO AND TULINE MALECKI FROM MEMAC OGILVY, OUR GOLD TEAM!”

5 palmas. Dos organizadores.

 

Nem sei descrever essa cena, parece que o tempo parou, só sei que carreguei a Tuline e comecei a gritar, o povo tirando foto, um monte de mão pra apertar, abraços… Tudo em câmera lenta. A notícia se espalhou como rastro de póvora. Liguei pra o Diretor de criação dizendo:

 

– Till! (é o nome dele) Pode procurando uma dupla freelancer pra junho porque a gente ta indo pra Cannes!!!!! Gold! Gold! Gold! Porra!!

 

O cara ficou louco, gritando e correndo pela agência, Tuline só fazia chorar, o povo da agência ficou sabendo e começaram a ligar, tivemos que dar entrevísta e nessa hora cadê o meu inglês? falei muitos palavrões, Caralho!! porra!!! e os gringos achando tudo lindo sem entender… Foi inesquecível.

No outro dia só foi festa na agência.

Agora é ir pra Cannes dia 13 de junho e competir com os youngs do resto do mundo inclusive do Brasil, vai ser duro, mas já estou realizado. O que vier é lucro.

 

As peças

O cliente desse ano foi o Civil Defense of Dubai (espécie de bombeiros). O briefing foi basicamente criar uma campanha através de uma peça impressa contra o fogo nos armazéns. Isso é um grande problema por aqui. A campanha tinha que educar o povo a ter mais cuidado, saber como proceder e evitar esse tipo de acidente que tira muitas vidas, prejudica o meio ambiente e gera um prejuizo de bilhões todo ano. Cada dupla teve o direito de criar duas peças.

 

A primeira

Resolvemos apelar pra o emocional, pegamos um ponto no briefing onde dizia que muitos trabalhadors indianos dormem nesses armazens, e quando pega fogo morrem muitos de uma vez. A idéia é mais ou menos “armazens são pra estocar coisas, não vidas” 

Colocamos o depoimento de uma menininha indiana que perdeu o pai em um desses acidentes.

 

 

A segunda e vencedora

Resolvemos fazer uma coisa completamente inesperada, por que não fazer uma peça interativa? Convidar os leitores a interagir com a peça era uma coisa que ninguém tava pensando em fazer com certeza. Bingo.

 

 

Comentário do organizador no final só com a gente:

“tentei desclassificar essa peça, porque não segue os padrões de um anúncio impresso, mas vocês receberam tantos votos que eu não pude fazer nada. Foram muito ousados, parabéns”

Essa peça vai ser veiculada nas revistas aqui.

 

A prova

 

 

Extra

Clique aqui pra ver uma notinha que saiu no Clube de Criação de São Paulo.

Publicado por: rizuto | maio 13, 2008

OURO!!!!!!!!!!!!

Semana passada teve a competição do Cannes Young Lions Middle East. Eu e minha dupla Tunline Malecki passamos 8 horas com mais 19 duplas das agências mais importantes daqui e um briefing.
Acabei de chegar da solenidade, ganhamos Ouro!!!!! um fato inédito pra Ogilvy nessa região, vamos pra cannes representar todo o Oriente Médio!!!
Depois coloco a peça, fotos e o escambau!!!
Muito feliz!
Publicado por: rizuto | abril 15, 2008

Curiosidade linguística

Estava eu dia desses conversando com uma galera tomando uma cervejinha quando surgiu um fato curioso. Fiquei sabendo por um dos especialistas de bar, aquelas pessoas que de tudo sabem um pouco e de um pouco sabem um tudo quando estão tomando uma, que se a “mãe” bambu morrer o “filho” bambu também morre mesmo que ele esteja do outro lado do mundo. Fiquei cismado com isso, se for verdade, como isso é possível? mesma logística do bluetooth? se bem que isso é outra coisa que nunca entendi. 

Ma isso só foi pra introduzir outro pensamento, ontem no Carrefour, que pra mim é o maior laboratório pra analisar o comportamento humano, tive um insight que não sei como ninguém pensou nisso antes, uma coisa que se parassem pra analisar seriamente poderiam resolver um dos grandes problemas da humanidade que é a comunicação.

Percebi que os bebês e os gays tem a mesma linguagem não importam de que buraco do mundo eles venham. Claro que não me refiro a uma conversa entre bebês e gays, digo os bebês entre si e os gays entre si. Ontem eu comprovei isso, percebi que os bebês tem a mesma “fala”, os mesmos maneirísmos, os mesmos grunidos, podem ser chineses, árabes, europeus, não importa. Assim como os gays tem o mesmo jeitinho, a mesma quebrada, fala arrastada, fazem bico e dão muchocho, pode ser o gay superdescolado de Londres como a bichinha do interior do Vietnã que trabalha numa plantação de arroz. 

O que liga isso tudo? como isso é possível? será a mesma lógica do bambu? Taí uma sugestão pra os sociólogos do Brasil, um estudo de caso que pode revolucionar a comunicação mundial, de repente pode rolar até um prêmio Nobel. Garanto que é bem mais produtivo do que ficar fazendo greve nas Universidades ou reclamando do capitalismo.

 

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